Policial que matou o surfista Ricardo dos Santos atuou como “P2″ em manifestação realizada em Joinville


O policial militar Luis Paulo Mota Brentano, acusado de efetuar três disparos contra o surfista Ricardo dos Santos, que faleceu na tarde da última terça-feira (20), também atuou como “P2″ (policial à paisana) em uma manifestação no dia 6 de janeiro de 2015. O protesto contra o aumento da tarifa no transporte coletivo de Joinville ocorreu na Praça da Bandeira.

O fato do acusado ter atuado nesta manifestação exemplifica um perigo iminente de policiais despreparados trabalharem em protestos populares. De acordo com ativistas de Florianópolis, Luis Paulo Mota Brentan também atuou em pelo menos um protesto na Capital. Em reportagem publicada no jornal Notícias do Dia de Joinville é possível conhecer um pouco do histórico de ações na Justiça Civil e Militar em que o policial aparece como réu.

Despreparo não é novidade

Na imagem a seguir vemos outro despreparo de um policial (reconhecido como PM Itacir) fazendo sinal de “depois eu te pego” para um manifestante que filmava um ato que ocorreu em Joinville, em janeiro de 2014.  A imagem está registada aos 2’34 segundos de um registro em vídeo publicado no Youtube.


Além de ameaças diretas, há relatos de abuso de autoridade antes e após os atos, como demonstrado aos 5 minutos de outro vídeo publicado no Youtube.

“Pra delegacia. Vai todo mundo preso… por incêndio. Entenderam?”

Assim como em todo o Brasil, o despreparo policial em Joinville também resulta em prisões e agressões, como ocorreu no dia 22 de janeiro de 2014. Neste episódio, o capitão Venera, responsável pelas prisões, foi indiciado por abuso de autoridade. Vale reforçar que o capitão Venera também responde na justiça por outros casos de agressões e abuso de autoridade. O vídeo a seguir contém imagens das prisões do dia 22 de janeiro:

Por vezes, estas prisões e confusões que ocorrem em manifestações se originam de situações programadas ou provocadas pelos próprios policiais, seguranças particulares ou funcionários ligados às próprias empresas que prestam o serviço de transporte coletivo. Em um registro publicado no dia 9 de janeiro deste ano é possível observar e escutar um funcionário das empresas de Joinville provocando os manifestantes:

E quando a população baleada ou morta por policiais não recebe o mesmo espaço midiático de um surfista profissional, será que o desfecho da história é “justo”? Se fossem expulsos da cooporação todos os policiais com históricos como os citados acima, sobrariam quantas pessoas para trabalharem no setor?
Nas manifestações de 2013 pipocaram em redes sociais imagens de policiais “plantando” flagrantes, como ao colocarem objetos em bolsas de ativistas ou ao quebrarem os vidros de seus próprios carros para gerarem perseguições.
Estes exemplos rápidos citados no post reforçam a necessidade de se debater a desmilitarização da polícia e de combater a criminalização dos movimentos sociais. Policiais com históricos como o de Luis Paulo Mota Brentano continuam atuando em manifestações, em abordagens diárias ou mesmo nas proximidades de colégios e hospitais, resguardados por um sistema falho que precisa ser revisto com urgência.


Por Marcus Carvalheiro 
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