A luta para evitar a extinção das tartarugas-gigantes de Galápagos


                                  Tartaruga-gigante de Galápagos – Foto: Fábio Paschoal


Quando visitei Galápagos no ano passado tive a oportunidade de conhecer Lonesome George  e os esforços do Parque Nacional Galápagos (PNG) e do Centro de Pesquisas Charles Darwin (CPCD) que tentam salvar as espécies ameaçadas do arquipélago. A morte de George, em 24 de junho de 2012, mexeu um pouco comigo. Não só por tê-lo conhecido, mas por representar a extinção de toda uma espécie (ou subespécie, dependendo do autor). George era um símbolo da luta pela conservação de Galápagos e, como tributo a ele, resolvi contar a história das tartarugas-gigantes.

A ALMA E O CORAÇÃO DE GALÁPAGOS

As tartarugas-gigantes prosperavam no arquipélago, mas sofreram com piratas que as caçavam por sua carne e com espécies introduzidas que competiam por sua comida. A população caiu drasticamente e quatro espécies foram extintas, mas graças aos esforços do PNG e do CPCD elas e toda a vida selvagem existente nas ilhas têm uma chance de prosperar novamente. Elas são o coração e a alma de Galápagos e essa é a história da luta dessa espécie para tentar fugir da extinção:

Foi em 1570 que o arquipélago recebeu seu nome atual. E não é surpresa que as tartarugas-gigantes foram as responsáveis por isso. Seus grandes cascos são únicos, como as ilhas que habitam. Cascos arredondados são perfeitos para andar pela floresta densa, criada pelo colapso de nuvens que trazem chuvas para ilhas mais altas. Em ilhas mais baixas quase não há chuva e não há vegetação rasteira. Aqui os cascos tem um arco curvado que permite que as tartarugas levantem o pescoço para alcançar pedaços de cactos. Esses cascos se assemelham à sela espanhola, ou galápago. As ilhas receberam seu nome graças a essas tartarugas.

    Foram as tartarugas-gigantes com casco em forma de sela que deram o nome à Galápagos –       Foto: Fábio Paschoal

Mas a história dessas gigantes começa antes da descoberta do arquipélago, quando existiam 14 espécies diferentes espalhadas pelas ilhas vivendo em paz e tranquilidade.
O primeiro nome das ilhas é creditado à Diego de Rivadeneira, um pirata espanhol que estava tentando desembarcar em uma das ilhas de um arquipélago, mas era impedido pela força incomum das correntes daquele dia. O poder das águas que envolviam o barco era tão forte que ele pensou que as próprias ilhas estavam se distanciando de seu navio. Atribuindo sua aparente falta de habilidade de navegação à causa divina, Diego nomeou aquele lugar de “Las Islas Encantadas” (As Ilhas Encantadas), colocando Galápagos no mapa e mudando o destino das tartarugas-gigantes para sempre.
No começo as ilhas eram usadas por piratas como base para atacar navios espanhóis. As tartarugas eram caçadas pela sua carne. Elas não ofereciam resistência, forneciam uma refeição substanciosa e podiam passar meses sem comida e sem água. Então, eram levadas para os navios onde funcionavam como um estoque vivo de alimento.
Depois chegaram os baleeiros que tinham dificuldade em encontrá-las, tendo que entrar cada vez mais no interior das ilhas para conseguir achar um espécime. Então, eles decidiram introduzir cabras no arquipélago. Assim, quando voltassem em uma viagem seguinte, não precisariam procurar pelos quelônios, iriam caçar cabras. Sem predadores naturais, as cabras se reproduziram rapidamente e, com seu apetite voraz, dizimaram a vegetação que servia de alimento para as gigantes de Galápagos.

Então o CPCD começou um programa de conservação de tartarugas-gigantes, trazendo espécies de ilhas diferentes para centros de reprodução em cativeiro que até hoje lutam para reintroduzir os répteis em suas ilhas de origem.

  Após os ovos eclodirem na estufa, os filhotes são identificados para que possam ser enviados à   ilha correta – Foto: Fábio Paschoal

     Os filhotes passam por um centro de treinamento onde aprendem a escalar paredões para      chegar a poças d’água. Depois são colocados em suas respectivas ilhas, Foto: Fábio Paschoal

Em paralelo o PNG começou o programa de erradicação das cabras, eliminando a ameaça em Santa Fé, Santiago e no norte de Isabela. Com isso a vegetação recolonizou as áreas degradadas e as espécies nativas começaram a se recuperar.



Na luta pela conservação das tartarugas-gigantes todas as espécies de Galápagos se beneficiaram. Hoje elas são o verdadeiro motivo pelo qual ainda podemos chamar essas ilhas de encantadas.


         Fonte: National Geographic
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