"O mito do corpo perfeito" Por Laura Muller




 Não é só a aparência física que conta. Há uma vastidão de jeitos de ser, de sentir, de agir. E é com tudo que vamos para a cama
 
Muita gente acha que ter um corpo perfeito é sinônimo de felicidade na cama. Homens e mulheres jovens, adultos ou até mesmo na terceira idade acreditam nessa ideia. Mas isso é um mito. Ao contrário do que esse gigantesco time pensa, a satisfação sexual está longe de se vincular exclusivamente a medidas, peso e aparência em geral.
 

No entanto, a busca pela perfeição física é algo impregnado na nossa cultura, e que atormenta sem parar quem não tem aquele corpo de capa de revista. Os resultados disso são desastrosos na cama. Por exemplo, há quem evite sexo porque se considera acima do peso e não quer tirar a roupa na frente do parceiro ou da parceira.

 Tem gente também que só vai para a cama com as luzes apagadas ou na penumbra, para que seu corpo não apareça direito. Ou ainda quem escolha posições em que a barriga fique escondida, ou em que os seios não pareçam caídos, ou em que o bumbum não seja visto de ângulo algum.
 
As preocupações exageradas atingem até os genitais. Grande parte das mulheres se inquieta por conta da cor da região vaginal, do tamanho dos grandes lábios e do aspecto da vulva em geral. Já muitos homens se preocupam bastante com a aparência dos testículos, mas a maioria tem seu foco mesmo é no pênis. A busca é por um órgão enorme. E que, de preferência, não pare jamais de crescer. Até onde é que eu não sei.

 Perguntas frequentes, que ouço quase todos os dias em palestras, no programa de TV ou por onde mais eu esteja fazendo ações educativas, são: “Tem como aumentar o pênis com cirurgia?” “Aqueles produtos vendidos em sex shops, como extensores e bombas a vácuo, fazem mesmo ele crescer?” “Será que existe algum exercício que funcione para isso?” Há mais: “E se eu fizer lipoaspiração na região do abdome? Um amigo diz que isso faz o pênis ficar maior. É verdade?”
 
Sim, tem como aumentar o pênis com cirurgia, mas uma grande parcela dos médicos desaconselha o procedimento, pois segundo eles pode levar a problemas graves com a ereção. Não, os produtos como extensores e bomba a vácuo não fazem o pênis crescer. Isso é mito. Não, também não há exercício que faça o pênis aumentar. Ele é um órgão, e não um músculo. Ou seja, não há musculação que funcione. E sim, se você for obeso, uma lipoaspiração na região do abdome pode dar a impressão de que o pênis cresceu. O que ocorre é apenas a retirada da gordura das redondezas, que fazia o órgão parecer menor. Já se você for magro, isso não adianta nada.

 De qualquer forma, a pergunta que cada pessoa se deveria fazer é: para que querer tanto mudar tudo isso? Será mesmo que ter uma vagina, um pênis ou qualquer outra parte do corpo com outro aspecto vão resolver instantaneamente toda dificuldade no relacionamento amoroso e sexual?
 
Claro que não. Sabemos todos que sentir-se bem consigo é importante para a autoestima, o que por sua vez é fundamental para viver bem a dois. Mas depositar todas as fichas no corpo é pensar pequeno demais. A aparência física é um dos aspectos do ser humano. Há ainda uma vastidão de jeitos de ser, de pensar, de sentir, de agir. E é com tudo isso que vamos para a cama.
 
Ou seja, sexo não é apenas o encontro de corpos e genitais. É uma pessoa como um todo, com seus valores, suas crenças, seus desejos, suas fantasias, seus limites e suas possibilidades, se relacionando com outra de forma íntima e prazerosa. Não dá para se esquecer disso jamais.
 
Caso contrário, o olhar fica turvo, restrito ao corpo e à busca insana por uma perfeição inatingível. Virar o jogo está ao alcance de todos. Basta valorizar um pouco mais o ser humano que cada um é.





Fonte: O Globo 
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