Não é só a aparência física que conta. Há uma vastidão de jeitos de ser, de sentir, de agir. E é com tudo que vamos para a cama
Muita gente acha que ter um corpo perfeito é sinônimo de felicidade na
cama. Homens e mulheres jovens, adultos ou até mesmo na terceira idade
acreditam nessa ideia. Mas isso é um mito. Ao contrário do que esse
gigantesco time pensa, a satisfação sexual está longe de se vincular
exclusivamente a medidas, peso e aparência em geral.
No entanto, a busca pela perfeição física é algo impregnado na nossa
cultura, e que atormenta sem parar quem não tem aquele corpo de capa de
revista. Os resultados disso são desastrosos na cama. Por exemplo, há
quem evite sexo porque se considera acima do peso e não quer tirar a
roupa na frente do parceiro ou da parceira.
Tem gente também que só vai para a cama com as luzes apagadas ou na
penumbra, para que seu corpo não apareça direito. Ou ainda quem escolha
posições em que a barriga fique escondida, ou em que os seios não
pareçam caídos, ou em que o bumbum não seja visto de ângulo algum.
As preocupações exageradas atingem até os genitais. Grande parte das
mulheres se inquieta por conta da cor da região vaginal, do tamanho dos
grandes lábios e do aspecto da vulva em geral. Já muitos homens se
preocupam bastante com a aparência dos testículos, mas a maioria tem seu
foco mesmo é no pênis. A busca é por um órgão enorme. E que, de
preferência, não pare jamais de crescer. Até onde é que eu não sei.
Perguntas frequentes, que ouço quase todos os dias em palestras, no
programa de TV ou por onde mais eu esteja fazendo ações educativas, são:
“Tem como aumentar o pênis com cirurgia?” “Aqueles produtos vendidos em
sex shops, como extensores e bombas a vácuo, fazem mesmo ele crescer?”
“Será que existe algum exercício que funcione para isso?” Há mais: “E se
eu fizer lipoaspiração na região do abdome? Um amigo diz que isso faz o
pênis ficar maior. É verdade?”
Sim, tem como aumentar o pênis com cirurgia, mas uma grande parcela dos
médicos desaconselha o procedimento, pois segundo eles pode levar a
problemas graves com a ereção. Não, os produtos como extensores e bomba a
vácuo não fazem o pênis crescer. Isso é mito. Não, também não há
exercício que faça o pênis aumentar. Ele é um órgão, e não um músculo.
Ou seja, não há musculação que funcione. E sim, se você for obeso, uma
lipoaspiração na região do abdome pode dar a impressão de que o pênis
cresceu. O que ocorre é apenas a retirada da gordura das redondezas, que
fazia o órgão parecer menor. Já se você for magro, isso não adianta
nada.
De qualquer forma, a pergunta que cada pessoa se deveria fazer é: para
que querer tanto mudar tudo isso? Será mesmo que ter uma vagina, um
pênis ou qualquer outra parte do corpo com outro aspecto vão resolver
instantaneamente toda dificuldade no relacionamento amoroso e sexual?
Claro que não. Sabemos todos que sentir-se bem consigo é importante para
a autoestima, o que por sua vez é fundamental para viver bem a dois.
Mas depositar todas as fichas no corpo é pensar pequeno demais. A
aparência física é um dos aspectos do ser humano. Há ainda uma vastidão
de jeitos de ser, de pensar, de sentir, de agir. E é com tudo isso que
vamos para a cama.
Ou seja, sexo não é apenas o encontro de corpos e genitais. É uma pessoa
como um todo, com seus valores, suas crenças, seus desejos, suas
fantasias, seus limites e suas possibilidades, se relacionando com outra
de forma íntima e prazerosa. Não dá para se esquecer disso jamais.
Caso contrário, o olhar fica turvo, restrito ao corpo e à busca insana
por uma perfeição inatingível. Virar o jogo está ao alcance de todos.
Basta valorizar um pouco mais o ser humano que cada um é.
Fonte: O Globo
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