Félix Labisse: Erotismo, fantasia, ritual e crítica religiosa

Logo à primeira vista podemos ver cores surpreendentes, e formas redondas impecáveis. Félix Labisse, mistura perfeitamente o surrealismo com a temática religiosa, erotismo e critica social. Em suas obras encontram-se também sexualidade e mitologia. Suas criações são um retrato de obsessões pessoais, animais, insetos bizarros, cenas sexuais e mulheres azuis.


“Qual é a função da arte?” esta é uma pergunta irrelevante, retórica, e irrespondível. Desde que Marcel Duchamp usou um vaso sanitário em uma de suas exposições, não se faz mais este tipo de pergunta, afinal uma das funções da arte (apenas uma!) é chocar, impactar, questionar, mostrar outro ponto de vista.



Dentro desta proposta, as obras do francês Félix Labisse (1905 – 1982) encaixam-se muito bem. Pintor surrealista, cujas pinturas retratam surpreendentes criaturas híbridas, muita vezes com denotação sexual, misturando também mitologia e uma forte queda pelo azul.


Além de pintor surrealista, era ilustrador e cenógrafo, Labisse esteve envolvido com inúmeras atividades no teatro, uma delas foi em “O diabo e o bom Deus” de Jean-Paul Sartre , tudo com muita competência. Félix Labisse era autodidata, começou a pintar no inicio dos anos 20. Em 1922 conheceu James Ensor, este que foi um dos artistas mais originais de sua época e considerado um dos mestres do Expressionismo. As primeiras criações de Labisse foram fortemente influenciadas por ele. Muito embora o artista trabalhava tanto na França como na Bélgica, seu estilo de pintura surrealista teve mais afinidade com os Belgas, dentre eles: René Magritte e Paul Delvaux.



Em suas obras, a temática onírica, e às vezes erótica, está constantemente presente, ajudando a compor uma crítica religiosa e social. Félix Labisse, é também conhecido pela sua série de “mulheres azuis” pintadas no início dos anos 60. Mulheres estranhamente sensuais, belas e frias. Pintadas de azul e outras cores ora exageradas, ora cruas. Dentre elas estão “La vanossa concubine du pap” e “Yves Tanguy”.



Pintou o Conselho de sangue, uma tela que incorpora os elementos-chave de sua coleção de magia negra. Em 1975, ele exibiu em Bruxelas, uma série de pinturas que descrevem demônios, intitulado: “Les 400 coups diabo”. Félix Labisse foi o tema de um filme de Alain Resnais, Visite a Félix Labisse. Fílmicas que Resnais fez, ao longo de todo o ano de 1947, com sua câmera 16 mm no atelier de vários artistas.
Em Oostende, Labisse montou seu estúdio, onde ele pintou seus próprios devaneios poéticos e as preocupações da vida moderna através de uma técnica de cores violentas bem pintadas e fortemente delineadas. O nu azul tornou-se uma espécie de marca registrada. O poeta Jacques Prévert elogiou-o, dizendo: “Ele mostra imagens bonitas, delicadamente ensanguentadas”.



Suas obras frequentemente destinam-se a um erotismo perverso, com obsessão em corpos femininos, por vezes obscurecidos, ou mesmo com cabeças substituídas por algum animal, vivendo em um mundo estranho e atemporal. Em 1928, ele e Henri Storck fundou o clube ciné em Oostende, em 1930 escreveram o “La mort de Vênus” (Labisse atuou no mesmo). Neste mesmo ano Félix Labisse fundou a crítica literária Tribord. Labisse tinha um interesse especial na cultura e folclore brasileiro, especialmente a magia brasileira. Ele visitou o Brasil sete vezes entre 1950 e 1967.



Félix Labisse mostrou seu trabalho em exposições individuais no Museu de Arte Moderna, em São Paulo (1950) entre outros países. Ele foi nomeado comissário da Bienal de São Paulo em 1959. Em 1966 ele foi eleito membro da Académie des Beaux-Arts . Em 1973, suas pinturas foram mostradas em uma exposição retrospectiva no Museum Boijmans Van Beuningen, Rotterdam, Holanda.


Labisse morreu na França deixando para trás uma impressão, uma assinatura e um estilo identificável à primeira vista. A exposição póstuma foi realizada em 2001, no Musée des Beaux-Arts em Menton. Félix Labisse foi muito criticado por suas obras, conservadores alegam apologia. Mas o que vale mesmo é admirar o que a arte tem a oferecer.









Fonte: 
obvious
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