Nosso país vive uma escalada na crise econômica que o governo, os
bancos e o grande empresariado tratam de descarregar nas costas dos
trabalhadores. Vive também uma grave crise política, envolvendo o
governo e sua base de sustentação no Congresso Nacional.
A presidenta Dilma foi à televisão no domingo passado pedir paciência
para os trabalhadores e para contar mais uma mentira: que o ajuste
fiscal que seu governo está fazendo distribui sacrifício para todos. Na
verdade, o seu governo está atacando o seguro-desemprego, o abono do
PIS, a pensão por morte dos trabalhadores e cortando verbas da educação
pública, tudo isso para repassar mais dinheiro público aos bancos e
especuladores internacionais. O governo se comprometeu a repassar aos
bancos quase R$ 100 bilhões só este ano. E quer tirar estes R$ 100
bilhões do bolso dos trabalhadores.
A conversa fiada, de que se trata de “correção de distorções” é só
mais um abuso. Se as políticas sociais estão sofrendo fraudes, então por
que o governo não manda prender quem está fraudando, ao invés de acabar
com o direito social que beneficia os trabalhadores? Por outro lado,
que moral tem este governo para cortar direitos dos trabalhadores
alegando fraude? Quem é que está envolvido até o pescoço nas fraudes e
falcatruas que roubou bilhões de reais da Petrobras? São justamente as
autoridades deste governo, além de deputados e senadores da sua base de
apoio no Congresso Nacional. É este o resultado de o PT ter decidido
aliar-se a banqueiros e grandes empresários para governar o país.
Governa para eles e como eles.
Impeachment não é solução
Nós, trabalhadores, não podemos aceitar esta situação. Nem podemos
aceitar a chantagem do “perigo da direita” para defender o governo da
presidenta Dilma e do PT. Precisamos, isto sim, lutar contra ele para
impedir que continue a atacar nossos direitos para beneficiar justamente
os banqueiros e grandes empresários, ou seja, a tal direita.
No entanto, também não podemos aceitar a demagogia e a cara-de-pau da
direita (PSDB, DEM, PPS, PMDB) que tenta se aproveitar da justa revolta
da população para se apresentar como uma alternativa contra o PT. Ora, o
PSDB já governou o Brasil (junto com o PMDB, igual o PT está fazendo), e
qual foi o resultado? Atacou com toda violência os direitos e as
organizações dos trabalhadores para beneficiar os mesmos banqueiros e
grandes empresários que o governo Dilma está beneficiando agora. O PSDB
governa o estado de São Paulo, é o responsável pela mais grave crise da
água que o país já viu. Privatizou metade da SABESP, mandando para o
exterior na forma de remessa de lucros de empresas estrangeiras, os
recursos que deveriam ser aplicados para garantir água para a população
de São Paulo. E não nos esqueçamos do escândalo da corrupção nos
contratos do Metrô e Trens de São Paulo. Isso para ficar em apenas dois
exemplos.
O governo de FHC, do PSDB, iniciou a privatização da Petrobras, deu
início ao processo de submissão da empresa aos interesses de
especuladores internacionais e da sanha de lucro das empreiteiras. É
verdade que o PT deu continuidade e aprofundou este processo, até
chegarmos à situação em que nos encontramos hoje. Mas o PSDB não pode
fugir à sua responsabilidade pelo quadro atual. Ou seja, a direita não é
alternativa que possa preservar os interesses e direitos dos
trabalhadores, e muito menos acabar com a corrupção, pois são tão
corruptos e contra os trabalhadores quanto o governo atual.
Por isso, o impeachment não é uma solução que sirva aos
trabalhadores. Vamos deixar nas mãos deste Congresso Nacional corrupto a
decisão sobre a grave crise que o país passa? Veja que quase 10 % dos
senadores e deputados do Congresso estão metidos com as falcatruas na
Petrobras, sem contar que o Procurador Geral da República livrou a cara
de vários deles, a começar pela própria Dilma do PT e Aécio Neves do
PSDB. Alguém acha que daí vai sair algo que presta? E mesmo que eles
resolvessem fazer algo, se fosse afastada a Dilma, entraria no lugar
dela o vice, Michel Temer, ou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ou
ainda Renan Calheiros, todos do PMDB, atolados na mesma lama que Dilma. O
que isso ia mudar? O seis pela meia dúzia...
Uma alternativa da classe operária e dos trabalhadores
Nós, trabalhadores, precisamos fortalecer a nossa luta contra o governo
Dilma, mas precisamos também lutar contra estas alternativas de
direita. Precisamos fortalecer a nossa luta contra os bancos e grandes
empresas multinacionais e nacionais. E, nessa luta, precisamos avançar
na construção de uma alternativa que atenda as necessidades e interesses
da nossa classe. A CSP-Conlutas já impulsionou uma primeira iniciativa
neste sentido, com mobilizações em várias partes do país no dia 6 de
março.
Mas é preciso muito mais que isso. As grandes centrais sindicais,
como a CUT, precisam parar de apoiar o governo e assumir a luta em
defesa dos trabalhadores. É preciso que as centrais sindicais sigam o
exemplo da CSP-Conlutas, e convoquem uma greve geral no país.
Precisamos unir em uma só luta os trabalhadores de norte a sul do
país, para derrotar as políticas econômicas que vem sendo aplicadas pelo
governo, e em defesa de um plano econômico dos trabalhadores que
assegure que os recursos do nosso país e a riqueza produzida pelo nosso
trabalho sejam usados para assegurar vida digna para o nosso povo e não
para alimentar lucros de bancos e grandes empresários e a corrupção de
políticos.
Uma greve geral que exija a revogação das leis que cortaram os
direitos dos trabalhadores e a revogação dos cortes nos gastos na
educação e outras políticas sociais; para exigir o fim da terceirização;
que cobre do governo leis que protejam o emprego dos trabalhadores e
que sejam estatizadas as empresas que demitem em massa; que exija do
governo que pare de dar dinheiro aos bancos, que suspenda imediatamente o
pagamento da chamada dívida externa e interna aos agiotas do sistema
financeiro; que exija que a Petrobras e o petróleo de nosso país voltem a
ser 100% estatal; e para cobrar a prisão e confisco dos bens de todos
os políticos corruptos e dos empresários que os corromperam. E que abra
caminho para que possamos ter em nosso país um governo dos
trabalhadores, sem patrões, um governo da nossa classe, que aplique
estas e outras medidas necessárias para mudar nosso país de verdade.
Só assim podermos derrotar, ao mesmo tempo, o governo do PT, a
direita (PSDB, DEM, PMDB e companhia) e também aos banqueiros,
multinacionais e grandes empresários, pois é para eles que tanto o PT
como o PSDB governam quando estão no poder.
E só assim poderemos avançar para a construção de um Brasil
socialista. Um país soberano, livre de toda forma de exploração e
opressão, onde todos e todas possam viver de forma plena, como seres
humanos, e não como escravos de banqueiros e multinacionais, em que o
capitalismo nos transformou.
Fonte: Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado
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