NUNCA VIREI HETERO ASSISTINDO NOVELA


Na última semana a internet foi tomada por uma forte onda de revolta: de um lado líderes evangélicos membros da bancada conservadora na câmara dos deputados revoltosos com o beijo lésbico exibido na novela das 21:00, “Babilônia”, exibida pela TV Globo; do outro, militantes e simpatizantes da causa LGBTT, defensores do livre arbítrio e do estado laico que se posicionaram contrários às intervenções religiosas e a propagação medieval do ódio desses líderes.

Como todo brasileiro, eu, Tiago, desde a mais tenra idade cresci assistindo às telenovelas brasileiras, reconhecidas mundialmente por suas belas produções. A maioria dos brasileiros, ao menos uma vez na vida já acompanhou, chorou, riu, se emocionou com alguma novela. É cultural na nossa sociedade.
Por mais que seja uma obra de ficção as novelas têm por missão trazer para a dramaturgia fatos reais: sejam eles históricos ou atuais. Existem, no entanto, alguns temas que até hoje permanecem sendo tabu, como, por exemplo, negros que pertençam a classe alta e que não sejam apenas os empregados das famílias brancas e rica, igualdade de gênero e a diversidade sexual. Tabus esses que aos poucos vêm sendo quebrados.

Quando esses temas são retratados nas teledramaturgias encontram o empecilho da parte conservadora da sociedade. Os motivos encontrados para justificar a intolerância são os mais vis possíveis: desde a preservação da família tradicional ao desrespeito religioso.

Desde criancinha acompanho novelas. Já assisti inúmeras. Das nacionais as internacionais, e TODAS elas têm em si algo em comum: vários beijos entre heterossexuais – pessoas de sexo oposto -, e por incrível que pareça NUNCA virei heterossexual; NUNCA fiquei inclinado a mudar minha orientação sexual por ver duas pessoas de gêneros distintos se beijarem ou mesmo insinuarem o ato sexual em si.

Também NUNCA conheci nenhum outro homossexual que tenha virado heterossexual por presenciar na TV um homem e uma mulher que tenham trocados carícias e afetos influenciado na sua sexualidade. Do mesmo modo, NUNCA conheci nenhum heterossexual (tenho muitos, muitos, muitos amigos hetero) que tenha mudado “seu gosto” por uma pessoa do sexo oposto ao seu ao ter presenciado um homem com homem ou mulher com mulher se beijando.

Segundo a Bíblia, todo ser humano têm direito ao livre arbítrio para fazer o que quiser. Ao quererem intervir na vida do outro, utilizando de preceitos religiosos, esses discípulos, apóstolos, de Cristo estão claramente violando o livro que eles utilizam para justificar seus atos discriminatórios para com as “diferenças”.

À constituição de 1988 declarou o Estado brasileiro como Laico. Ou seja, Estado e Religião não se misturam. Em suma, religião jamais deverá intervir em matérias sociopolíticas e culturais. O respeito aos direitos humanos incluísse aí.

Artigo 5º da Constituição Brasileira (1988) está escrito:

“VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;”
O que se ver, no entanto, é bem o contrário: inúmeros deputados que movidos por suas crenças religiosas, utilizam-se de seu cargo público para vetar Projetos de Lei que garantam igualdade de direitos a essas pessoas que são constantemente vítimas do preconceito e da intolerância e chegarem ao ponto de emitir uma nota de repúdio a teledramaturgia global por representarem a família brasileira como ela é: PLURAL!

Exigem o respeito a suas crenças mas não sabem respeitar a liberdade sexual do próximo. É no mínimo contraditório e incoerente.

“Amai a Deus sobre todas as coisas; e o teu próximo como a ti mesmo”
Amém!

Tiago Minervino
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