O TRAGICÔMICO CIRCO DOS HORRORES DOS PASTORES E POLÍTICOS PALHAÇOS


Pela Constituição, o Brasil é considerado uma nação democrática. Derivada do latim, democracia significa “governo do povo”. Além de democrático, o Brasil preza pela laicidade, garantindo a todos o direito à livre manifestação religiosa, independentemente do seu credo.
Estado laico significa um país ou nação com uma posição neutra no campo religioso. Um Estado laico defende a liberdade religiosa a todos os seus cidadãos e não permite a interferência de correntes religiosas em matérias sociopolíticas e culturais.
Em suma, um país onde há laicidade, religião e governo não se misturam, e essa realidade não condiz em nada com a atual situação vivida pela democracia brasileira, que, em teoria, é laica.
Teoria porque os últimos acontecimentos e manchetes dos jornais não deixam margem as dúvidas do quão provinciano os brasileiros ainda são, e do perigo cada vez mais iminente de voltarmos à era da Idade Média. Políticos tomando decisões influenciados pela Bíblia, tem se tornado bastante comum.
“Deputados interrompem sessão na Câmara para rezar o Pai-Nosso”
“Projeto da bancada evangélica propõe legalizar ‘cura gay’”
Os evangélicos, são, hoje, os católicos de ontem. Indulgências, caças às minorias, estelionato mental, charlatanices, dentre outros, são apenas alguns dos atos praticados por pastores.
A laicidade foi posta de lado. O antropocentrismo se tornou obsoleto e o teocentrismo ressuscitou.
Em pleno século XXI, revivemos à desvalorização do homem e da razão.
O enredo é basicamente o mesmo, o que muda são as personagens. No lugar da Igreja Católica como assassina sumária, se candidata ao posto, os evangélicos. Às bruxas de hoje são homossexuais, negros, membros de religião afro etc.

A atual bancada da Câmara, comandada por Eduardo Cunha (PMDB – RJ), é popularmente conhecida como “bancada BBB” (Boi, Bíblia e Bala), a mais conservadora em anos, famosa por prevaricar às pautas progressistas, pondo Deus na frente de tudo. O deputado Cabo Daciolo (RJ), ex-PSOL, queria trocar o termo “povo” por “Deus” na Constituição Federal. Tudo gira em torno da “família tradicional brasileira”.
Hipocrisia maior não poderia haver. Um dos maiores nomes deste movimento pró-provincianismo, é o deputado federal Jair Bolsonaro (PP – RJ), que já foi casado diversas vezes. Segundo a bíblia, o homem não deverá ter mais que um casamento, pois isso, em si, configura pecado e promiscuidade.
Malaquias 2:14-16 “Todavia perguntais: Por que? Porque o Senhor tem sido testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, para com a qual procedeste deslealmente sendo ea a tua companheira e a mulher da tua aliança. E não fez ele somente um, ainda que lhe sobejava espírito? E por que somente um? Não é que buscava descendência piedosa? Portanto guardai-vos em vosso espírito, e que ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade. Pois EU DESTESTO O DIVÓRCIO, diz o Senhor Deus de Israel, e aquele que cobre de violência o seu vestido; portanto cuidai de vós mesmos, diz o Senhor dos exércitos; e não sejais infiéis.”
Ainda segundo a bíblia, em Êxodos 20:15 “Não furtarás“, e os ensinamentos passados ao longo desses mais de dois mil anos sob domínio do cristianismo, roubar é pecado. No entanto, os mesmos deputados Cunha e Bolsonaro, estão, ambos, envolvidos no escândalo da Operação Lava Jato que investiga irregularidades em contratos e licitações da Petrobras.
Vaidade, por exemplo, é um dos sete pecados capitais e citado em vários livros do montante de 73 que compõe às “Sagradas Escrituras” como algo que desagrada ao Filho do Homem. Em Salmos 24:3 o Senhor questiona “Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu lugar Santo?” para em seguida responder 24:4 “Aquele que é limpo de mãos e puro de coração; que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente“, mas isso não incomoda em nada ao deputado e pastor Marco Feliciano (PSC – SP) que não consegue viver longe dos holofotes e vive fazendo tratamentos com gel à base de ouro.
Em Mateus 19:16-23, um jovem se aproxima do Mestre e pergunta o que deve fazer para adquirir a vida eterna. Jesus diz que aquele que guarda os seus mandamentos entrará na vida. Orgulhoso, o jovem estufa o peito para se vangloriar de cumprir todos os princípios necessários para adentrar o Céu. Porém, Jesus de Nazaré disse-lhe: “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me. E o jovem, ouvindo esta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades. Disse então Jesus aos seus discípulos: Em verdade vos digo que é difícil entrar um rico no reino dos céus“.
Utilizo, pois, esta passagem bíblica para exemplificar o repúdio que Jesus tinha à avareza. Embora saibam disso, tais líderes que se postam para falar em nome de Deus não limitam a adquirir fortunas usando o nome do Senhor. É o que revela uma matéria da revista norte-americana Forbes, que listou os cinco pastores mais ricos do Brasil.
Encabeça a lista, o líder da Universal do Reino de Deus, Edir Macedo, com uma fortuna líquida de U$ 950 milhões, ou cerca de R$ 1,9 bilhão.
Valdemiro Santiago, ex-universal, que vive em rixa com Edir Macedo, fundou a Igreja Mundial do Poder de Deus, e segundo a Forbes, é o segundo pastor mais rico do país com aproximadamente R$ 440 milhões. Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus, têm em sua conta bancária o montante de R$ 300 milhões. Um dos rostos mais conhecidos da tevê evangélica nacional, RR Soares é o quarto mais rico nesse comércio, com 250 milhões em sua conta. Em quinto lugar, aparecem os fundadores da Igreja Apostólica Renascer em Cristo,Apóstolo Estevam Hernandes Filho e sua esposa Bispa Sonia, que comercializa “perfume com cheiro de Jesus”. Juntos, o casal têm uma fortuna avaliada pela publicação de R$ 130 milhões.
Seria cômico, se não fosse trágico. Seria irrelevante toda essa falácia e perseguição religiosa, se não tivéssemos os relatos históricos do passado das incontáveis vidas que foram tiradas pela tirania do catolicismo.
É inegável a oratória desses homens, que alienam milhões de pessoas, a milhares de anos. Mas o próprio Cristo, que em sua passagem pela terra jamais fez questão de esconder sua preferência pelas minorias, que sempre esteve ao lado da “escória” (pobres, prostitutas, leprosos, pecados, bandidos), alertava aos seus discípulos,
“E, estando assentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos em particular, dizendo: Dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?
E Jesus, respondendo, disse-lhes: Acautelai-vos, que ninguém vos engane;
Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos.”
Mateus 24:3-5

por Tiago Minervino 
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